terça-feira, 16 de junho de 2009

O LOUCO E A CHUVA




A campainha é tocada.
--- Quem é?
--- É a chuva! E você quem é?
--- Eu sou o louco! Mas, espere um minuto, chuva não fala!
--- Claro que fala! Pois eu não estou falando?
--- Isso é verdade! Mas como vou saber se vossa senhoria é mesmo a dona chuva?
--- Sinta o clima de brisa. Sinta meu cheiro. É perfume de chuva fresca e calma!
“Como assim” ?---- pergunta o louco coçando os poucos cabelos---- Então existe várias de sua espécie, tem chuva calma, chuva violenta, chuva molhada, chuva seca, chuva de água, chuva de chuva ---- acaso vossa senhoria não é uma só?
Abre logo, diz a chuva tocando novamente a campainha--- você tem que Ter fé! Como posso me mostrar à você se não abre a porta? --- espere! Diz o louco assustado dando mais uma volta, fechando de vez a porta.
---- Não se deve abrir a porta à qualquer um! Ainda mais para um louco de voz estranha que se diz chuva. Que é, pensa que sou louco? Pergunta o homem ao objeto não identificado atrás da porta, já imaginando o apartamento cheio de água.
Mas a chuva, insistente, retruca --- Mas eu não sou homem, não tenha medo! Já lhe disse que sou chuva, fresca e calma.
---- E eu ,já lhe disse que chuva não fala! Completa o louco com água até o pescoço.
Anda pelo apartamento assustado já pensando que irá morrer afogado, o que fazer?!!! Pular da janela, se esconder no guarda – roupa, trancar mais a porta, debaixo da cama talvez, contra chuva não tem jeito! “ vou morrer afogado”.
Abre mais a janela, para a torrente de água passar, na tentativa de esvaziar o apartamento.
Olha paro o alto, grita: Meu deus, será que estou louco?
Mais uma vez a campainha é tocada, desta vez mais forte. E a “coisa” atrás da porta, insistente, continua:
---- Vamos, abra! Tenha calma, venho em missão de paz, estou cansada de andar por esta cidade, quero somente água e um bom banho!
---- Chuva não bebe água, e muito menos toma banho! Ponha – se para longe daqui, grita o homem, já decidido a não abrir porta.
---- Já te disse que, sou chuva sim! E venho em missão de paz.
Vim refrescar os homens e lhes darem perfume de brisa.
Mas se não acredita, vou – me embora! Pois tenho pressa --- Reunião marcada no espaço!
Já vou indo, até breve!
O louco, aliviado, senta no sofá molhado, e fica esperando ansioso o apartamento esvaziar.
Cosa a cabeça, pensa e pensa ...
Mas, em sua fértil imaginação, o apartamento se enche de água, cada vez mais.
“Não tem outro jeito vou Ter que abrir a porta para a água sair --- Seja o que deus quiser”.
Na dúvida, acende o esqueiro, pronto para detonar a inimiga molhada, se acaso não estiver ido embora. E vai lentamente abrindo a porta.
Daí, olha, primeiro um olho, depois o outro, é preciso cautela!
Felizmente ninguém está do outro lado.
E o louco respira aliviado. Agora já seco e de apartamento esvaziado.
De novo cosa a cabeça e pensa entrigado:
--- Quem será o louco que tocou a campainha?

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